segunda-feira, 9 de março de 2009

A IMPORTÂNCIA DO QUE SE CRÊ

A IMPORTÂNCIA DO QUE SE CRÊ

Gelão, tirano de Siracusa, era um soberano cioso de seu poder e cuidadoso em sufocar insurreições e rebeliões que vez por outra eclodiam na ilha devido a forma severa com que conduzia a gestão da cidade-estado da antiguidade. Certo dia, distraía-se em palácio com seus ministros e cortesões, no grande salão do trono, quando ocorreu-lhe uma idéia e anunciou em voz alta: - Darei quinze florins de ouro a quem me apresentar um plano infalível para descobrir conspiradores! Atiçados pela cobiça e pelo desejo de cair no agrado do ditador, vários dos presentes ensaiaram fórmulas e meios para descobrir e frustrar os movimentos de insurreição em seu nascedouro. Mas nenhum dos planos e palpites convencia o rei. Quando já estava para mudar de assunto, um palaciano apagado mas muito astuto levantou a mão e exclamou:
- Eu tenho, Majestade, um plano infalível para descobrir conspiradores. - Diga lá - retrucou o tirano, meio cético. - Perdão, Majestade - fez o interlocutor com gesto enigmático - o plano que vos trago é tão engenhoso e seguro que não convém que seja do domínio público. Se me permitis, passá-lo-ei aos vossos ouvidos. Curioso, Gelão consentiu e, sob os olhares atentos de todos os presentes, ele se aproximou calmamente do trono, fez as mesuras de praxe. subiu os degraus e chegou-se bem junto ao ouvido direito do mandatário e cochichou: Vossa Majestade deve mandar pagar-me os quinze florins de ouro. Assim, todos vão acreditar que estais realmente de posse de uma fórmula infalível para descobrir conspiradores e ninguém se animará a promover rebeliões. Faiscando os olhos miúdos e esboçando um daqueles seus conhecidos sorrisos sarcásticos, o rei mandou pagar o prometido. E reinou até o fim de seus dias. Muitas vezes, para nós, vale mais o que cremos que a verdade em si. Daí porque compreendemos a necessidade de zelar mui cuidadosamente pela nossa
mente e concepções de valores.

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